15 março 2012

Em cinco minutos


Às vezes a gente corre. Corre mais que as pernas, que o tempo. Corre porque tem que ser agora. Tem que ser para ontem. Tem que ser depressa. Ninguém pode esperar. Você, o cliente, o chefe, o professor, o namorado (ou namorada). Todos correm. E nem vêem a cor da flor. Nem prestam atenção na joaninha. Nem se deslumbram com um “bem me quer, mal me quer”. Poemas não tem mais sentido.

- Estou sem pressa para sentimentalismo.
Amizade fica em segundo plano.
- Dia desses, eu te ligo.

As coisas vão perdendo sentido. Sabor. Carinho. Atenção. É só o corre-corre. Você não espera um minuto para a chuva passar. Corre nela reclamando de tudo e de todos. A água suja, causada pelo o lixo que você jogou no chão, pois a lixeira estava distante. Do pingo que molha sua roupa, seu cabelo que demorou tanto para arrumá-lo. De tudo que tem que estar impecável para o dia insaciável.

E por correr, não conseguimos mais nada. Por que não se divertir com banho de chuva? Por que não parar de reclamar de tudo? Por que, meu Deus, por quê? Por dinheiro? Prazo? Fatos? Jornais e livros mal são abertos, pois são longos. Demoram a serem lidos e digeridos. A natureza perde a graça. Os animais. As pessoas. A vida. Você. Maldito é esse diabo de papel que acaba com cada segundo nosso.

Não venho aqui para dizer algo ligado ao Karl Marx. Não sou comunista. Gosto do consumo. Gosto da nossa bagunça diária. Gosto de sentar em uma mesa de bar, tomar uma cerveja e ver o mundo passar. Sentiu a diferença? Sente-se. Depois do trabalho você não tem que correr, pode se divertir. Pode sorrir. Pode até amar. Sem pressa. Sem desperdício. Você vem à vida para viver e não acumular dinheiro e irritações. A pressa sempre será o pior castigo. E castigo que você lhe deu.

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