17 março 2010

mais uma história de amor na adolescência



João ainda era louco por sua ex-colega Paula, uma menina riquinha que ia toda enfeitada para a aula e ignorava todos que a abordavam. Os amigos dele diziam que ele estava louco, que a garota só dava bola para quem tinha dinheiro e que ele deveria tirar o time de campo. João não queria acreditar nisso, pelo contrário – quanto mais Paula o deixava falando sozinho, mais queria ser o motivo da felicidade dela. Agora em turmas separadas, nem a cola da prova João podia passar para a menina que estava sempre em seus sonhos.

Foram dias difíceis para João quando Paula começou a namorar com Maurício – o Mauricinho da escola. Na verdade, ele estava desesperado, se mordendo de ciúmes. O Mauricinho até chegou a ser humilhado nas peladas da escola, o João estava abusando das canetas e toques de letra para cima do concorrente pelo amor da Paula.
O tormento de João duraria pouco tempo, Mauricinho logo foi descoberto desfilando no carro de seu pai com uma outra garota, deixando Paula terrivelmente magoada. Isso acabou sendo bom, extremamente positivo para João, que passou a se aproximar, ainda que indiretamente, de Paula. A moça o olhava com outros olhos, já o percebia, mas ainda o tratava com um olhar de desprezo. Quieto do jeito que era, João preferiu não insistir no que sentia, mas não sabia como faria para tirar aquela patricinha da cabeça. Foi então que inesperadamente uma menina começou a se atirar para João – e se atirar literalmente. No dia que ele fez o gol que decidiu uma partida na escola a garota simplesmente se jogou aos braços dele e o beijou. Paula viu a cena e sentiu-se estranhamente incomodada.

Na verdade, a menina rica não admitia perder o admirador – ainda que não o valorizasse – para uma aventureira como a Jéssica, uma garota de corpo escultural, porém de intelecto medíocre. Só então Paula passou a perceber as qualidades de João. O rapaz não era nenhum gênio nas aulas, era aluno mediano, mas tinha uma percepção aguçada, uma interpretação diferente das coisas que o rodeavam. O que começou a chamar a atenção de Paula foi quando João liderou um protesto contra o Mauricinho, que havia destratado um jovem humilde. O ato de nobreza e violência (João enfiou a mão na cara do Mauricinho) fez os olhos de Paula brilharem. E ainda assim, ela parecia não querer se aproximar.

Acabou sendo o acaso que os uniu, anos mais tarde, após deixarem a escola. João trabalhava envolvido com a política e Paula estava na área de comunicação social de uma agência de marketing. Quando se viram em uma esquina democrática, João a cumprimentou com surpresa – não imaginava que iria rever um amor de adolescência e – menos ainda – um que nunca teve coragem de confessar. Paula quis saber o que ele estava fazendo, e foi quando a chama reacendeu. Como adolescentes que, no fundo, ainda eram, trocaram números de telefone. Se encontraram algumas vezes – o suficiente para viver uma história de amor da adolescência.


Vinícius Severo

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